Tecnologia

Por que a implementação do 5G no Brasil pode demorar bastante?

Por Lyra M2M • 26 de janeiro de 2023

Possivelmente seu Smartphone tenha incluído em suas features a capacidade de usar o sinal 5G.

Mas nem todo brasileiro consegue usar hoje essa função.

Na realidade, apenas aqueles que moram nas grandes cidades, como São Paulo, estão usando o 5G – e detalhe, usando apenas em certos bairros e regiões, uma vez que o alcance ainda não está em 100% do mapa dessas capitais.

Isso tudo criou um debate na internet, e uma alegação curiosa: a de que o 5G vai demorar muito para funcionar no Brasil.

Será que isso é mesmo verdade?

Hoje, vamos explorar um pouco o assunto para entender quando e como o 5G vai começar a funcionar, e até quando ficaremos com o nosso 4.5G, que alguns especialistas batizaram de “falso 5G”.

O 5G realmente está sendo implementado no país?

Sim, no Brasil já foram leiloadas as faixas de frequência em quatro bandas para o 5G: 700 MHz; 2,3 GHz; 3,5 GHz e 26 GHz.

A aquisição das frequências ocorre dessa forma, pois não podem haver duas empresas ou sinais ocupando uma mesma radiofrequência.

Da mesma forma, outros tipos de frequências e sinais não deixam de funcionar, desde que cada um funcione em sua banda específica.

Mas, agora que as faixas foram negociadas, as operadoras estão em uma fase de implementação, o que exige tempo e dinheiro. O primeiro passo são as grandes cidades; e, depois, em uma segunda fase, as cidades menores.

Veja a estimativa, segundo a Anatel, das capitais e cidades com até 500 mil habitantes:

  • 29 de de setembro de 2022: capitais e Distrito Federal (DF) tendo uma estação rádio base (ERB, ou antena) a cada 100 mil habitantes;
  • 31 de julho de 2023: capitais e DF tendo uma ERB a cada 50 mil habitantes;
  • 31 de julho de 2024: capitais e DF tendo uma ERB a cada 30 mil habitantes;
  • 31 de julho de 2025: capitais e DF e cidades com mais de 500 mil habitantes tendo uma ERB a cada 10 mil habitantes;
  • 31 de julho de 2026: cidades com mais de 200 mil habitantes tendo uma ERB a cada 15 mil habitantes;
  • 31 de julho de 2027: cidades com mais de 100 mil habitantes tendo uma ERB a cada 15 mil habitantes;
  • 31 de julho de 2028: pelo menos 50% das cidades com mais de 30 mil habitantes tendo uma ERB a cada 15 mil habitantes;
  • 31 de julho de 2029: 100% das cidades com mais de 30 mil habitantes tendo uma ERB a cada 15 mil habitantes.

Até a data da publicação deste artigo, não foram todas as capitais que tiveram a implementação do 5G, que ficou prevista para o final do ano.

O que pode gerar atraso no processo de implementação do 5G pelo país

O Brasil já conta com uma vasta infraestrutura de 3G e 4G espalhada pelo país, com exceção apenas de locais remotos.

O 5G, em tese, usa a mesma infraestrutura de antenas do 4G, sendo apenas acoplado a elas o equipamento do 5G, e, claro, exigindo updates de firmware.

No entanto, para que o 5G consiga ser eficiente ele acaba exigindo que sejam instaladas mais antenas, ou que sejam instalados mais replicadores no topo de prédios e postes.

Assim, as equipes técnicas e de engenharia das operadoras e empresas responsáveis precisam criar um projeto de implementação, que pode exigir um trabalho minucioso, mesmo quando já existe parte da infraestrutura na cidade ou região.

“O 5G demanda a instalação de mais estações rádio base, de acordo com cada região”

Transição do “falso 5G” para o “5G puro”

Desde 2020, temos no Brasil um pseudo 5G que funciona como uma atualização de software, que consegue o mesmo alcance do 4G, no entanto com velocidade até 12 vezes maior.

A ideia é que aos poucos o país vá implementando o tipo “standalone” (5G SA) que é mais potente, só que tem menor alcance – o que explica a necessidade de se instalar mais antenas, principalmente em regiões com mais de 30 mil habitantes.

Como o Brasil tem um território vasto e não sabemos de informações quanto a facilitações e parcerias das empresas de Telecom, a implementação do 5G vai depender do ritmo das empresas que compraram as frequências do 5G com a Anatel.

Mesmo com o edital do 5G da Anatel mostrando datas e previsões que terminam no ano de 2030, sabemos que projetos de infraestrutura no Brasil, normalmente, possuem atrasos. Com isso, é válido dizer que a implementação completa ainda pode levar de 8 a 12 anos em nosso país.

Nota final: O lançamento de novas tecnologias e novos editais nos próximos anos podem antecipar ou alterar esse cenário de adoção e implementação do 5G pelo Brasil.


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